OXIÚRUS OU MACULO
Maculo (do quimbundo ma'kulu) era uma doença, endêmica em muitas partes do mundo, especialmente o Brasil, durante o período colonial, decorrente da falta de higiene provocada pelas condições a que eram submetidos os cativos.
Também chamada de corrução ou mal-de-bicho ou achaque do bicho, enfermidade do bicho, corrução, corrupção do bicho, corrupção, mal-do-sesso e relaxação do sesso, no Brasil - recebeu noutras partes os nomes de "el bicho", "mal del culo", "bicho del culo", "enfermedad del guzano" - entre os hispanos, e pelos índios de teicoaraíba.
Consistia numa infecção bacteriana com disenteria, de ocorrência mundial, que poderia ter ou não complicações decorrentes da miíase.
Características
Além da obra de Piso, que denominou o mal de ulcus et inflammatio, também Carl Friedrich Philipp von Martius a registrou, batizando-a de inflammatio ani. Um dos primeiros livros escritos no Brasil, intitulado "O que é o achaque do bicho", de Miguel Dias Pimenta, tratava deste mal. No século seguinte José Maria Bomtempo, médico de D. Pedro I, registrou ter sofrido do mal quando esteve na África. Em 1903 Patrick Manson deu-lhe o impróprio nome de retite gangrenosa epidêmica, que falha porque não é sempre que provoca gangrena e tem caráter endêmico, ao invés de epidêmico; entretanto esta é a denominação comumente usada em trabalhos acadêmicos.
Terapêutica
O QUE É O OXIURUS VERMICULARIS?
O oxiúro (alguns chamam de oxiúrus ou oxiúros), conhecido cientificamente como Enterobius vermicularis ou Oxiurus vermicularis, é um helminto nematódeo (verme) de forma cilíndrica e cor branca, que mede cerca de 1 cm e provoca uma verminose intestinal denominada enterobíase, oxiuríase ou oxiurose. Na linguagem popular, o oxiúros é conhecido como tuxina.
A oxiuríase é uma parasitose cujo principal sintoma é a uma coceira anal, geralmente intensa e com predomínio noturno, o que costuma atrapalhar o sono dos indivíduos acometidos.
O ser humano é o único hospedeiro natural do oxiúro, e sua infecção ocorre em todos os países e grupos socioeconômicos. A enterobíase pode surgir em qualquer idade, mas é observada com maior frequência entre as crianças em idade escolar de 5 a 10 anos, sendo relativamente rara em crianças com menos de 2 anos de idade.
O Enterobius vermicularis é um verme que vive no intestino dos humanos, mais especificamente na região do ceco (início do intestino grosso) e do apêndice.
Após o acasalamento, o macho morre e é eliminado pelas fezes. As fêmeas grávidas permanecem no ceco e, à noite, se movem através do intestino em direção ao ânus, local onde costumam implantar seus ovos. Cada fêmea pode colocar até 10.000 ovos.
Após a deposição dos ovos, a fêmea tenta retornar para dentro do ânus, algumas conseguem, outras não, sendo eliminadas nas fezes.
TRANSMISSÃO DO OXIÚROS
O Enterobius vermicularis tem um ciclo de vida relativamente simples, que se inicia com a deposição de ovos pelas fêmeas grávidas na mucosa da região perianal. A partir deste momento, a infecção costuma seguir três caminhos:
1. Autoinfecção
A presença dos ovos provoca intensa coceira anal. Se o paciente coçar a região do ânus, ele pode contaminar suas mãos e unhas com os ovos do verme. Se a mão contaminada for levada à boca em algum momento, o paciente volta a se contaminar. Os ovos ingeridos eclodem no intestino delgado, dando origem a uma nova geração de Enterobius vermicularis.
2. Retroinfecção
Após 3 semanas, os ovos implantados na região perianal eclodem e dão origem a novos vermes. Estes vermes podem entrar pelo ânus e seguir em direção ao ceco, onde irão se acasalar novamente.
3. Heteroinfecção
A transmissão do oxiúros para outras pessoas pode ocorrer através de mãos contaminadas com ovos.
O paciente coça o ânus, contamina suas mãos e pode transmitir os ovos ao preparar alimentos, manipular objetos ou cumprimentar outros indivíduos.
Pessoas que moram no mesmo ambiente de pacientes contaminados são as que têm mais riscos de serem contaminadas. Toalhas e roupas de cama estão frequentemente infectadas com ovos de Enterobius vermicularis, o que facilita o contágio dos cônjuges.
Os ovos começam a perder a capacidade de infectar após 1 ou 2 dias sob condições quentes e secas, mas podem sobreviver por mais de duas semanas em ambientes frescos ou úmidos.
SINTOMAS
A maioria dos pacientes infectados pelo oxiúros não apresenta sintomas. Em geral, os sintomas surgem quando o paciente já se reinfectou sucessivamente, a ponto de ter uma grande quantidade de vermes no seu trato intestinal, o que pode ocorrer somente meses depois da contaminação inicial.
Quando o verme provoca sintomas, o mais comum é a coceira anal. Em alguns casos, a coceira é intensa e deixa o paciente inquieto e com dificuldade de dormir. Os vermes adultos podem migrar para locais além do ânus, como a região vaginal. Nas mulheres pode haver vulvovaginite (inflamação da vulva e da vagina), coceira e corrimento vaginal.
Ocasionalmente, em paciente que se auto contaminam repetidamente, a carga de vermes nos intestinos pode ser tão alta, que o paciente passa a sentir os sintomas típicos das parasitoses intestinais, tais como dor abdominal, dor para evacuar, náuseas e vômitos. A obstrução do apêndice pelos vermes é possível, podendo provocar um quadro de apendicite aguda.
Os pacientes que coçam a área anal freneticamente podem provocar escoriações na mucosa, facilitando a infecção das feridas por bactérias.
DIAGNÓSTICO
Como a eliminação do Enterobius vermicularis pelas fezes pode ser errática, ou seja, não apresenta um calendário regular ou previsível, o exame parasitológico de fezes comum não costuma ser positivo para o verme ou seus ovos. Com este exame, somente 10% dos pacientes infectados conseguem ser diagnosticados.
A oxiuríase é mais facilmente diagnosticada através do método de Graham, no qual se usa uma fita adesiva na pele ao redor do ânus para que os ovos localizados nesta região adiram à fita. Estes ovos, então, são colocados sobre uma lâmina de vidro e visualizados sob um microscópio.
Material colhido da unha de crianças infectadas também pode ser útil para avaliação microscópica, pois frequentemente contém ovos de oxiúros.
TRATAMENTO
O tratamento da oxiuríase é simples e deve ser feito preferencialmente em todas as pessoas que moram na mesma casa.
As opções mais usadas para tratar a oxiuríase são:
- Albendazol, 10 mg/kg em dose única, até o máximo de 400 mg. Repete-se a dose em duas semanas.
- Mebendazol, 100 mg, 2 vezes ao dia*, durante 3 dias consecutivos. Repete-se a dose em duas semanas.
- Pamoato de pirantel, 10 mg/kg, dose única, até o máximo de 1000 mg.
* 100 mg em dose única é uma alternativa sugerida por alguns autores.
A taxa de cura com estes esquemas é elevadíssima, acima de 95%. Entretanto, se as pessoas que moram na mesma casa não forem também tratadas, o risco de reinfecção é alto.
Também de forma a prevenir reinfecções, roupas de cama, toalhas, cuecas, calcinhas e pijamas devem ser lavados e trocados diariamente por pelo menos 2 semanas. Brinquedos devem ser lavados a cada 3 dias por pelo menos 3 semanas. As unhas devem ser cortadas bem rente para dificultar a deposição de ovos entre as mesmas durante o ato de coçar o ânus.
Como o verme costuma colocar seus ovos durante a noite, tomar banho e lavar a região perianal de manhã, assim que acordar, ajuda a eliminar esses ovos, diminuindo o risco de surgimento de uma nova geração de vermes dentro de 3 semanas. Também é importante lavar bem as mãos antes de cada refeição e após qualquer evacuação.Conheça sobre hemorroidas
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